Yu-Gi-Oh! Morreu? E uma possível solução!

10/05/2025


yugi Antes de tudo, gostaria de dizer que esse texto não será muito interessante caso você não tenha tido alguma experiência prévia com qualquer midia de Yu-Gi-Oh!

Eu amo Yu-Gi-Oh! Sério, gastei boa parte de minha vida jogando esse card game satânico/esotérico para crianças. Uma das queixas mais recorrentes das pessoas com o YGO TCG é que ele virou um câncer completo por conta do powercreep. Eu discordo dessa alegação, pois acho que o card game ainda consegue ser divertido, contudo, é impossível negar que Yu-Gi-Oh! piorou substancialmente em um ponto do jogo. Neste texto, tentarei dar as razões pela qual muitos jogadores odeiam os novos formatos de Yu-Gi-Oh! (sejam elas válidas ou não) e apontar uma possível solução para eles.

Power Creep

Dizer que Yu-Gi-Oh! sofre com powercreep é tão evidente quanto afirmar que o céu é azul. Um exemplo claro de powercreep foi o surgimento de one card combos + 20 tech cards no meta recente. Alguns jogadores competitivos podem afirmar que não é algo tão ruim, mas para mim, perdeu-se um pouco da graça de explorar a sinergia das cartas, pois elas por sí mesmas acabam fazendo muita coisa.

Outra coisa recente é tendencia da konami de criar cartas que geram vantagem e interagem ao mesmo tempo (Kashtira fenrir e Ext Ryzeal são bons exemplos), que por um lado melhora o going second dos decks, mas, dá uma vantagem imensa para os previamente ditos decks matematicamente abençoados.

Combo decks

Serei sincero: eu gosto de combos. É muito legal impor todo o espirito sobre o adversário, vomitar um campo "inquebrável" e propor que o oponente consiga passar por ele. É um estilo de jogo, assim como aggro, burn e control. Combo é indiscutivelmente o melhor estilo de jogo, mas tem suas desvantagens, como ser difícil tomar as rédeas do duelo se começar com a mão brickada, não ter tanto espaço para tech cards e muitas vezes não ser tão resiliente.

enboard média de yugayoh

O verdadeiro problema do combo começa quando você precisa dar 3 hand traps para tentar parar o oponente e ele ainda conseguir passar com algumas interações, ser absurdamente consistente, ter follow-up absurdo pro próximo turno caso por algum milagre você consiga jogar sobre a mesa estabelecida dele, e ainda por cima ter espaço para várias tech cards. Isso foi o caso de alguns decks como snake eyes e adamancipator. Felizmente, boa parte das vezes existe certo exagero na mistica dos combo decks, e no geral, não é um problema de todos os formatos.

Arquétipos

Esse é um tópico controverso, ainda mais pelo fato de muitos terem um arquétipo que gostam muito (particularmente gosto bastante do SPYRAL). Qual é o marco da modernidade em Yu-Gi-Oh!? Os synchros? Os xyz? Não, pois não existe nada de inerentemente ruim em tais invocações, muito pelo contrário! Trazem novas dinâmicas e variedade de estratégias, geralmente odeiam elas somente por associar à alguns decks de combos (dark synchro e infernity, por exemplo).

O verdadeiro marco da mudança de Yu-Gi-Oh! foram os arquétipos! Mais especificamente, arquétipos auto-suficientes que flutuam.

O que quero dizer com isso? Por mais que sempre existiu arquétipos no jogo, eles não eram tão consistentes ao ponto de você sempre chegar na jogada da engine principal em qualquer turno, e sempre necessitava do auxilio de engines e staples secundarias. Não só isso, como, após o duelist aliance, os arquétipos começaram a flutuar, dando folego absurdo para os turnos. O que te impedia antes de vomitar tudo o que tinha na mão? Se preocupar com a volta! Mas agora que os arquétipos flutuam, nada disso importa mais, meu Dante vai triggar e pegar o Cir quando morrer, e o Cir ira reviver o dante novamente, logo, tanto faz.

Duelist Aliance foi a sementinha para o que temos hoje (ainda que o formato burning abyss/shaddoll e posteriormente nekroz seja bastante elogiado pelos jogadores).

Uma possível solução - Time Wizard

Time Wizard são formatos da comunidade (posteriormente oficializado de certa forma pela konami) que resgata regras, banlists e cardpools de formatos antigos. Logo de cara já é possível entender o apelo: todos nós em certo sentido somos movidos um pouco pela paixão da nostalgia. Entretanto, mesmo para mim que nunca vivenciou tais formatos em suas respectivas épocas (comecei a jogar em 2016), ainda assim, consigo entender o porquê de elogiaram tanto esses formatos. A variedade de decks, o grind e simplicidade dos formatos time wizards são bastante cativantes. Outra vantagem do time wizard é que, por se tratar de um formato antigo, as staples e os decks são muito mais acessíveis em termos financeiros, com exceção de uma ou outra carta que não obtiveram reprint. Existem DIVERSOS formatos time-wizards e obviamente não será possível cobrir todos, portanto irei falar somente sobre a trindade mais popular: GOAT, Edison e HAT.

GOAT - 2005

goat cards

Sem duvidas é o formato time-wizard mais popular, e talvez com o maior apelo a nostalgia. Tanto por diversas cartas clássicas estarem desbanidas e serem utilizadas (pot of greed, graceful charity e BLS) quanto por ser pré lançamentos de synchros e das principais cartas do Gx (GOAT é um formato pré lançamento do cyber-dragon). Geralmente, as estratégias do GOAT são cartas que fazem pequenas vantagens (monstros flips são bastante comuns) combinadas à alguma estratégia de alto impacto (metamorphosis, BLS e dark soccerer), a tendencia das partidas é ser algo mais lento, não é tão raro de se ver alguns duelos ultrapassarem 30 turnos.

GOAT tem um cardpool naturalmente não tão vasto se comparado com os demais formatos, contudo, tem uma variedade considerável de opções descentes a se usar. Apesar do chaos turbo e goat control(deck que dá o nome ao formato) serem as melhores estratégias, gosto bastante do reasoning gate pelo estilo de jogo agressivo dele. Um dos grandes problemas do formato ao meu ver é que existem algumas cartas "broken" numa dinâmica de pequenas vantagens, isso geralmente não é um problema e até força algumas dinâmicas interessantes (evitar setar muitas cartas para não tomar dust por exemplo), contudo, pode se tornar problemático em algumas ocasiões que o oponente abre tanta vantagem tendo múltiplas delas que possuí um controle inerente da situação, não se tornando muito diferente de "ganhei no dado e comecei, logo, ganhei" do Yu-Gi-Oh! moderno. Dito isso, GOAT format é o formato que mais joguei dos 3, sua simplicidade é encantadora e é bastante intrigante como é possível ter tantas estratégias diferentes com o limite de cartas disponível (ainda que na prática tudo use o pacote de chaos e as mesmas staples, hue).

Para saber mais sobre o goat: https://www.goatformat.com/

Edison - 2010

gorz

Edison é um formato tão popular quanto o GOAT. Seu nome faz referência ao torneio Shounen Jump que ocorreu em Edison - Nova Jersey e utiliza o cardpool e banlist do mesmo. Edison é marcante por sua variedade de boas estratégias, blackwings, sapinhos, e claro, o Gorz, carta que muda completamente sua mentalidade na battle phase, te forçando a sempre atacar com o monstro mais fraco primeiro ou se evitar de dar o golpe com o monstro mais forte por último. Um ponto positivo do Edison é que ele não tem tantas staples genéricas ditas de "alto impacto" que mencionei anteriormente, o problema mesmo está em algumas poucas estratégias um tanto quanto problemáticas, como os decks de Norleras e Vírus, fora algumas floodgates chatas que existem no formato. Num retrospecto geral, é um formato bem divertido e maneiro, você deveria dar uma chance para ele caso tenha preconceito com os synchros.

Para saber mais sobre o edison: https://www.edisonformat.com/

HAT - 2014

soulcharge

O nome do formato se deve ao melhor deck do mesmo: HAT (Hands, Artifact, Traptrix), contudo, assim como nos outros formatos, existe uma grande variedade de decks viáveis de se usar. HAT é um formato curioso, Maxx "C" está presente nele, mas está longe de ser a staple temida que é atualmente (até porquê reduzir o teto da jogada no turno não significava perder o duelo), XYZ são bastante marcantes, pois antes dos links, era a melhor invocação, e claro, o temido Soul Charge que nesse formato está livre a 3 cópias!

Para saber mais sobre o HAT: https://www.hatformat.com/

Considerações finais

Acho um exagero dizer que Yu-Gi-Oh! atualmente está morto, até porque, eu ainda jogo bastante matchs nos formatos atuais e me divirto bastante, tudo é mais uma questão de estudar o formato. Entretanto, é inegável que o powercreep piorou consideravelmente o jogo. A solução? Retornar ao macaco, claro! Dê uma chance aos formatos alternativos e se divirta!